O Desamparo aprendido
O Desamparo Aprendido Revisitado: Estudos com Animais
Maria Helena Leite Hunziker ( http://www.ip.usp.br/portal/images/stories/fotos-docentes/maria-helena-leite-hunziker.jpg)
Universidade de São Paulo
O desamparo aprendido tem sido definido como a dificuldade de aprendizagem apresentada por indivíduos que tiveram experiência prévia com estímulos incontroláveis (Maier & Seligman, 1976). Segundo Peterson, Maier e Seligman (1993), a identificação do desamparo aprendido se deu de forma acidental. Os primeiros trabalhos foram realizados na década de 1960, quando a Teoria dos Dois Fatores estava no centro das discussões, sugerindo que o comportamento de esquiva decorreria de dois processos de aprendizagem: um processo respondente – produzido pelo pareamento do estímulo aversivo com o estímulo que o precedesse sistematicamente (transferindo a este a função de estímulo aversivo condicionado, ou CS) -, e outro processo operante, no qual o reforçamento seria decorrente do término do CS (Mowrer, 1947; Rescorla & Solomon, 1967). Nessa época, Bruce Overmier e Russell Leaf, dois alunos de pós-graduação orientados por Solomon (um dos defensores dessa teoria), decidiram manipular a ordem de aquisição dos condicionamentos respondente e operante para verificar se isso interferiria na aquisição de esquiva. Para tanto, liberaram choques e estímulos sonoros em diferentes ordens de apresentação, pareados ou não, relacionados ou não com a resposta de esquiva. Dentre as várias manipulações efetuadas, eles expuseram um grupo de cães, presos em arreios, à associação luz/choque (associação CS/US). Como essa fase buscava propiciar apenas a aprendizagem respondente, nenhuma respostadesses cães produzia qualquer modificação nos choques, que eram, portanto, incontroláveis. Posteriormente, esses animais foram colocados em uma caixa onde um tom antecedia choques por um intervalo fixo de tempo: caso o sujeito saltasse para o compartimento oposto da caixa, o som era desligado e o choque evitado (contingência de esquiva). Ao longo desse teste, o CS luz (utilizado na primeira fase) era também apresentado, independentemente da contingência de esquiva em vigor, com a finalidade de verificar se esse CS teria se tornado aversivo a ponto de aumentar a probabilidade da resposta de saltar.
Contrariando a teoria em avaliação, obtiveram que a luz não aumentou a probabilidade de saltar. Contudo, um resultado inesperado lhes chamou a atenção: apesar de estar vigorando uma contingência de reforçamento negativo, a resposta de esquiva não foi aprendida. Esses resultados, paralelos aos objetivos da pesquisa, sugeriram que choques incontroláveis podiam afetar novas aprendizagens operantes negativamente reforçadas (Overmier & Leaf, 1965). Em função desses resultados, Martin Seligman (outro pós-graduando daquele laboratório) se associou a Bruce Overmier, passando a investigar essa interferência da incontrolabilidade sobre a aprendizagem. Para isso, expuseram grupos de cães a choques incontroláveis ou a nenhum choque e, posteriormente, submeteram esses animais a uma contingência de reforçamento negativo. Na sua primeira publicação sobre o tema, Overmier e Seligman (1967) mostraram que os animais anteriormente submetidos a choques incontroláveis não aprenderam a resposta prevista no teste, ao contrário dos cães não submetidos aos choques, que aprenderam a resposta de fuga rapidamente. Apesar de ser pioneiro nessa área, esse trabalho não separou experimentalmente os efeitos dos choques daquelesdecorrentes da sua incontrolabilidade. Isso foi feito em seguida, tendo Seligman e Maier (1967) estudado simultaneamente três sujeitos, cada um pertencente a um grupo distinto, caracterizando o que se passou a chamar “delineamento triádico”. Na primeira fase, dois cães foram submetidos simultaneamente a choques elétricos, enquanto o terceiro animal permanecia na caixa experimental, sem choques.
O controle sobre os choques era permitido apenas a um dos cães que, submetido a uma contingência de fuga, podia desligá-los emitindo uma resposta previamente selecionada (pressionar um painel com o focinho). Quando isso ocorria, sua resposta também desligava o choque do segundo sujeito, cujas respostas não tinham conseqüência programada. Assim, apesar de ambos os cães receberem choques similares (no que diz respeito a número, intensidade, intervalo, etc.), apenas o primeiro podia exercer controle sobre esses estímulos; o segundo animal, por não poder alterar a duração dos choques, encontrava-se exposto à condição definida como de incontrolabilidade. Vinte e quatro horas depois, cada sujeito foi exposto a uma sessão na qual a resposta de correr era negativamente reforçada. Os resultados mostraram que tanto os animais previamente tratados com choques controláveis, como os não expostos a choques, aprenderam igualmente a resposta de fuga, mostrando latências gradual e sistematicamente mais baixas ao longo da sessão. Ao contrário, os animais previamente expostos aos choques incontroláveis não emitiram a resposta de fuga ou, quando o fizeram, não houve aumento subseqüente na probabilidade de ocorrência dessa resposta. Como resultado geral, esses sujeitos apresentaram latências altas durante toda a sessão; portanto, não aprenderam a resposta de fuga. A essa dificuldade de aprender uma relação operante, decorrente da exposição prévia a eventos aversivos incontroláveis, deu-se o nome de efeito de interferência (Overmier & Seligman, 1967; Seligman & Maier, 1967). Apesar de essa denominação ser bastante descritiva do efeito comportamental em estudo, ela foi rapidamente substituída pelo termo “desamparo aprendido” (learned helplessness), o qual também denominou uma das hipóteses explicativas do fenômeno, conforme se verá mais à frente (Maier, Seligman & Solomon, 1969; Maier & Seligman, 1976). Por alguns anos, houve a tentativa de manutenção da terminologia original, isenta de conotação teórica (Crowell & Anderson, 1981; Glazer & Weiss, 1976a). Contudo, o termo desamparo aprendido foi o mais difundido, afirmando-se como denominação do efeito (Seligman, 1975; Peterson & cols. 1993), apesar da indesejável simbiose que se estabeleceu entre o efeito e a sua interpretação teórica. Algumas variações no procedimento básico possibilitaram a expansão da análise do desamparo aprendido. Dois procedimentos podem ser destacados, um voltado à “prevenção” e outro ao “tratamento” do desamparo. Para testar a “prevenção”, foi analisada a importância da ordem de aprendizagem estabelecida. Considerando-se que o comportamento é um fenômeno cumulativo e que a exposição à incontrolabilidade promove a aprendizagem de que o estímulo independe da resposta, é de se esperar que uma primeira aprendizagem de controle sobre esse estímulo possa minimizar os efeitos de experiências futuras com a sua incontrolabilidade.
Para verificar experimentalmente essa suposição, um grupo de cães foi submetido a uma primeira sessão com choques controláveis (fuga/esquiva), seguida por outra na qual eram expostos a choques incontroláveis. Verificou-se que, quando testados posteriormente em fuga/esquiva, esses animais aprenderam normalmente a resposta no teste. Esse efeito foi chamado de imunização, pois sugeria que o controle exercido na primeira sessão teria “imunizado” os sujeitos contra o aprendizado posterior da incontrolabilidade, deixando-os aptos a aprenderem a relação operante estabelecida no teste (Seligman & Maier, 1967). Portanto, o estudo do efeito de imunização mostrou que a história de reforçamento pode ser uma variável crítica na prevenção contra o desamparo. Haveria um procedimento que poderia reverter o desamparo, depois que esse padrão de comportamento já estivesse estabelecido? Para responder a essa questão, Seligman e Maier (1967) selecionaram cães que haviam apresentado desamparo e os reexpuseram à contingência de fuga do teste, forçando-os fisicamente a experimentar o reforçamento. Isso foi feito prendendo correias ao seu corpo e colocando os animais novamente na caixa de teste, que era dividida em dois compartimentos por uma pequena barreira. Ao iniciar o choque, os experimentadores puxavam os cães com as correias, na direção da barreira, até que eles a saltassem, indo para o compartimento oposto. Essa resposta de saltar era imediatamente seguida pelo término do choque. A cada choque, esse procedimento era reiniciado. Depois de expostos seguidamente a essa contingência de fuga forçada, os cães passaram a emitir a resposta de fuga sem a ajuda dos experimentadores, mostrando a reversão do desamparo. Com outro procedimento, buscou-se “tratar” os animais previamente expostos a choques incontroláveis expondo-os repetidamente a contingências de reforçamento positivo. Os estudos têm mostrado que, embora inicialmente os animais apresentem baixa taxa de respostas, o contato repetido com o reforçamento positivo reduz os efeitos da incontrolabilidade dos choques (Erbetta, 2004). Interpretações teóricas A análise teórica dos processos envolvidos no desamparo aprendido tomou duas direções opostas: uma que defende que, a despeito do arranjo experimental, o sujeito aprende a controlar o estímulo (por meio de contingências acidentais), e outra que propõe o aprendizado da impossibilidade de controle. A primeira interpretação embasa a hipótese da inatividade aprendida. Ela considera que o desamparo não é um efeito direto da incontrolabilidade dos choques, mas sim fruto de contingências acidentais, que se estabelecem de forma não programada pelo experimentador, e selecionando baixa atividade motora. Conseqüentemente, se o animal aprende a ficar pouco ativo, ele fica menos apto a emitir a resposta de fuga no teste, caso essa resposta envolva alta movimentação corporal (tal como correr, saltar ou pressionar a barra). Essa proposição considera, portanto, que a incontrolabilidade não atua diretamente sobre o comportamento, mas apenas estabelece a condição propícia para que surjam contingências acidentais. Uma possibilidade seria que a grande movimentação corporal eliciada pelos primeiros choques coincidiria com a continuidade dos mesmos, gerando uma punição da alta atividade motora (Bracewell & Black, 1974).
Outro processo acidental possível envolveria reforçamento negativo da inatividade. Ela foi sugerida pela observação de que a movimentação corporal tende a se reduzir após alguns segundos de choque, possibilitando que o término do choque coincida com baixa atividade motora (Glazer & Weiss, 1976a, 1976b). Portanto, isoladamente ou em conjunto, essas duas contingências acidentais levariam à inatividade, gerando o desamparo aprendido. Em direção contrária à anterior, a hipótese do desamparo aprendido pressupõe que o efeito obtido é fruto direto da impossibilidade de controle do ambiente: o sujeito aprende que não existe relação entre suas respostas e os estímulos, aprendizagem essa que se contrapõe à aprendizagem seguinte que envolve contingência de reforçamento (Maier & cols., 1969; Maier & Seligman, 1976). Deve-se ressaltar que a “hipótese do desamparo aprendido” extrapola a análise das relações funcionais objetivamente estabelecidas na condição experimental e considera como críticos alguns processos cognitivos/mentalistas, inferidos a partir dos dados. Segundo seus proponentes (Maier & cols., 1969; Maier & Seligman, 1976), a variável independente crítica para o desamparo não é a incontrolabilidade estabelecida experimentalmente, mas sim a expectativa desenvolvida pelo indivíduo de que ele não pode controlar o ambiente. Essa expectativa atuaria em diferentes níveis, promovendo um conjunto de efeitos que comporiam o desamparo como uma síndrome, e não como um simples comportamento, que abarcaria três tipos de déficits: motivacional, cognitivo e emocional. O déficit motivacional seria, do ponto de vista descritivo, caracterizado pela baixa probabilidade da resposta no teste. No nível interpretativo cognitivista, é sugerido que após os choques incontroláveis o sujeito cria a “expectativa” de que o reforçamento não vem e por isso não tem motivo para emitir respostas no teste. Por sua vez, o déficit cognitivo é objetivamente caracterizado pelo fato do animal não ter seu comportamento modificado pelo reforçamento negativo: mesmo que o animal emita algumas respostas de fuga no teste e experimente que essa resposta é seguida pelo término do choque, seu comportamento não fica sob o controle dessa relação de conseqüenciação. Segundo a interpretação cognitivista desse efeito, ele decorre de uma alteração na forma como o sujeito processa a informação relativa à nova contingência. Seria esse “erro de processamento”, causado pela “expectativa” de incontrolabilidade, que o levaria a não registrar a relação de dependência que há entre suas respostas e as mudanças no ambiente. Por fim, o déficit emocional é caracterizado por alterações fisiológicas, tais como mudanças do ciclo de sono e de ingestão de alimentos, imunossupressão, entre outras. Na interpretação cognitivista, a “crença” de que o reforço não virá, produz estados alterados de emoções (ansiedade e depressão) que, por sua vez, levam a essas alterações fisiológicas. A hipótese do desamparo tem, portanto, dois níveis de apresentação que precisam ser analisados separadamente: (1) o nível descritivo, que diz respeito aos dados experimentais obtidos, e (2) o nível interpretativo, baseado em processos mentalistas que são inferidos dos dados experimentais. O nível descritivo é bem estabelecido cientificamente, permitindo previsão e controle dos comportamentos em estudo. As interpretações mentalistas não são aceitas por unanimidade, principalmente na perspectiva do behaviorismo radical (Skinner, 1974). Além dessa divergência filosófica, deve-se considerar que o caráter explicativo dado à suposta “expectativa” cria uma circularidade de análise bastante indesejável cientificamente: a dificuldade de aprendizagem é o dado que indica a “expectativa”, e essa “expectativa” é a causa da dificuldade de aprendizagem (ou seja, diz-se que o sujeito apresenta o desamparo porque criou a expectativa de não ter controle sobre o meio, e sabe-se que ele criou essa expectativa porque apresentou desamparo). Com essas características, a hipótese do desamparo permite apenas explicações post hoc: só se pode deduzir o desenvolvimento da “expectativa” através da dificuldade de aprender e não pela exposição pura e simples à incontrolabilidade. Assim, não existe previsão de resultado antes de o trabalho ser realizado. Resultados negativos (aprendizagem mesmo após experiência com incontrolabilidade) podem ser explicados sem refutar a hipótese: se o sujeito não apresentou o desamparo é porque, apesar da experiência com incontrolabilidade, ele não desenvolveu a “expectativa” de impossibilidade de controle (ver análise dessa circularidade em Levis, 1976). Apesar desses pontos criticáveis, a hipótese do desamparo tem a seu favor o fato de considerar que o comportamento é sensível à condição de incontrolabilidade, suposição essa compatível com a sensibilidade já identificada a pequenas variações no contínuo de dependência entre resposta (R) e estímulo (S), descrita pelos analistas do comportamento (Catania, 1998). Do ponto de vista lógico, se há sensibilidade para variações no contínuo de controlabilidade (nas diferentes contingências operantes), deve haver também para a condição de incontrolabilidade. Assim, sob a perspectiva do behaviorismo radical, o expurgo do mentalismo na hipótese do desamparo aprendido pode torná-la útil como instrumento de análise dos resultados experimentais: a variável independente, incontrolabilidade dos choques, pode ser definida operacionalmente e, portanto, não depende de julgamentos subjetivos do experimentador; a emissão da resposta de fuga, em função do reforçamento negativo, é a variável dependente em estudo. Assim, têm-se em mãos as variáveis necessárias para se fazer a análise funcional dos comportamentos emitidos, envolvendo basicamente processos operantes e respondentes, sem ser necessário falar em motivação/incentivo/expectativa. Essa releitura da hipótese do desamparo aprendido considera que o arranjo de incontrolabilidade não produz reforçamento diferencial de qualquer resposta. O que é aprendido (e supostamente generalizado para a condição futura) é justamente a ausência de relação R-S. Não havendo conseqüenciação sistemática, a alta movimentação corporal, eliciada pelos primeiros choques, tende a reduzir em função de um processo de habituação, ocorrendo de forma gradualmente menos intensa. Conseqüentemente, a freqüência e a intensidade da movimentação corporal caem ao longo da sessão, deixando o sujeito pouco ativo. Uma vez que o teste tem muitos estímulos comuns à fase de tratamento, é possível que, ao menos no início da sessão, essa passividade se generalize. Assim, pode-se prever que o sujeito se comporte no início do teste da mesma forma que vinha se comportando na fase anterior, ou seja, de forma pouco ativa. Porém, a mera inatividade não explica todo o processo, pois é freqüente que o animal emita a resposta de fuga, experimentando o términodo choque contingente a ela, sem que isso aumente a probabilidade futura de emissão dessa resposta. De acordo com essa hipótese, a insensibilidade ao reforçamento negativo se deve à aprendizagem prévia de ausência de relação R-S, que é oposta à aprendizagem de fuga que envolve uma relação de dependência entre a resposta e o término do choque. Sendo opostas essas aprendizagens, é de se esperar que a primeira dificulte a seguinte, produzindo o desamparo. Essa análise permite prever a baixa atividade geral que se observa ao final da sessão de choques incontroláveis, bem como o desamparo no teste, sem, contudo, vincular um efeito como causa do outro. O ponto crítico é que não há seleção operante na sessão de incontrolabilidade, condição oposta à do teste, que busca selecionar uma classe específica de respostas. Portanto, o procedimento empregado nos estudos sobre desamparo permite confrontar dois tipos de aprendizagens, relativas à incontrolabilidade e à controlabilidade do ambiente, sendo a sua ordem de ocorrência crítica para a produção dos efeitos de desamparo ou de imunização. As hipóteses do desamparo aprendido e da inatividade aprendida oferecem previsões de efeitos contrários em decorrência de algumas manipulações, o que permite seu teste experimental. Diversos estudos foram realizados com esse f im, a maioria deles mostrando resultados contrários à hipótese da inatividade. Por exemplo, Yano e Hunziker (2000) realizaram dois experimentos para confrontar essas hipóteses, nos quais a variável manipulada foi o grau de atividade física requerido pela resposta de fuga no teste. Considerando o proposto pela hipótese motora, se o indivíduo aprende a ficar inativo durante os choques incontroláveis, então o desamparo só ocorre se a resposta de teste envolver alta atividade motora, podendo mesmo haver uma facilitação da aprendizagem no caso de a resposta requerer baixa atividade para ser emitida. Ao contrário, a hipótese do desamparo – que postula que a variável crítica é a aprendizagem de que os eventos do meio não são passíveis de controle – permite prever que o grau de atividade motora exigida para emissão da resposta no teste é irrelevante para a ocorrência do déficit de aprendizagem. Portanto, os sujeitos expostos aos choques incontroláveis deveriam apresentar o desamparo independentemente de a resposta de teste envolver alta ou baixa atividade motora. Nesse estudo, foram utilizadas duas respostas de fuga diferentes: “saltar” e “focinhar” (colocar o focinho em um orifício na parede). Considerou-se que e resposta de focinhar poderia ser classificada como resposta de baixa atividade motora uma vez que, para sua emissão, é indispensável que o sujeito esteja parado, com o corpo voltado para o orifício da parede e o focinho na altura do mesmo, sendo a única movimentação requerida a de esticar o pescoço, de forma a introduzir o focinho no orifício. Ao contrário, a resposta de saltar poderia ser classificada como de alta atividade motora, pois sua emissão requer o deslocamento global do sujeito que deve sair de um compartimento e chegar ao outro, do lado oposto da caixa. Portanto, o reforçamento negativo dessas duas respostas seleciona padrões opostos de atividade motora. Os resultados do primeiro estudo mostraram igual nível de desamparo nos testes com as respostas de saltar e de focinhar, confirmando a previsão da hipótese do desamparo e contrariando o previsto pela hipótese motora. No segundo experimento, foram testadas as previsões sobre o efeito de “imunização”. Segundo a hipótese motora, o efeito de imunização dependeria da combinação entre o grau de atividade motora exigido pelas respostas da primeira e última sessão, considerando as sessões de pré-treino/incontrolabilidade/teste. Se a resposta de fuga do pré-treino requeresse baixa atividade motora e a resposta de fuga no teste envolvesse alta movimentação corporal (combinação baixa/alta), o previsto seria um efeito de desamparo aprendido muito acentuado, contrário ao efeito de imunização. Na combinação oposta (alta/baixa), o previsto seria imunização acentuada (ou seja, aprendizagem de fuga a despeito da exposição prévia aos choques incontroláveis). Na previsão da hipótese do desamparo aprendido, a imunização se daria independente dessa combinação, pois o sujeito teria aprendido na primeira sessão que ele tinha controle sobre os choques, aprendizagem essa que o “imunizaria” contra a aprendizagem oposta da incontrolabilidade na sessão de tratamento. Portanto, apenas na combinação baixa/alta as previsões diferiam entre essas hipóteses. Utilizando, portanto, essa combinação (com as respostas de focinhar/saltar), os resultados mostraram acentuada imunização, confirmando a previsão da hipótese do desamparo aprendido....
Visitem o estudo completo no sítio abaixo:
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722005000200002&script=sci_abstract&tlng=pt
Maria Helena Leite Hunziker http://www.ip.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=861:principal&catid=239&Itemid=92
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