A relação entre Subjetividade e Objetividade.



A relação entre Subjetividade e Objetividade.

A subjetividade é algo intrínseco, inerente ao ser, quanto que a objetividade está ligada ao exterior. A subjetividade tem a ver com o que está no âmago do ser, a objetividade está ligado com o que podemos ver, perceber e sentir.

Ao falarmos sobre a relação entre as duas, quero externar que a subjetividade começa pequena, para se ter uma objetividade grande. Alguns podem querer dizer que devemos investir grande, para se ter, a princípio um resultado pequeno. Quero usar algumas figuras existentes no mundo da mecânica e da física, para tecer minha elucidação. Quando tenho em mente a relação de um motor de moto, percebo que o pinhão é menor que a coroa, e que a relação trabalha ligando essas peças importantíssimas;
Quando penso em um balão ou uma bola, penso na relação existente, ou seja, o ar que existe dentro do balão ou bola, em sua quantidade de compressão;

Quando vejo alguém afinando um violão, vejo a relação da corda com a intensidade do aperto;
Quando vejo minha esposa usando sabão líquido para lavar a roupa, calculo o poder de concentração que criou a relação suficiente para se colocar num frasco tão pequeno uma quantidade capaz de lavar muito mais roupas, percebo que há o termo no rótulo “concentrado”.

Quando produzimos algo, estamos objetivando o que fora anteriormente subjetivado (internalizado). Quando perguntamos o que é objetividade, já estamos subjetivando, por meios pensamentos que expliquem esta relação. Podemos produzir uma fala subjetiva ou uma fala objetiva.

Fala subjetiva, são palavras sem sentidos, sem nenhum teor profícuo e de força transitória;

Fala objetiva, são palavras que produzem resultados e estes resultados implicarão em falas objetivas, que produziram um ciclo.

Na relação existente entre o pinhão e a coroa, devemos concentrar nossos planos, para se obter uma realização concreta. Vemos muitas pessoas investindo pesado com um retorno que não subsiste ao tempo, se investirmos numa concentração com reservas de subjetividades, poderemos perceber se vai ter uma objetividade ou não, subjetividades estas que podem ser um pensamento extra, um cálculo prudente ou um plano de recuperação dos objetivos. Perderemos muito se investirmos toda nossa força subjetiva, sem sabermos, os riscos existentes na relação. Entretanto, não adianta focarmos somente em “A” ou em “B” se nos descuidarmos da relação entre ambas.
A bola, tem o seu efeito porque está cheia, não daríamos esse nome a ela se por acaso ela estivesse vazia. A relação, principal está na quantidade certa de “ar comprimido”, pois, esta qualidade de ar, proporcionará que a bola fique mais tempo cheia. Vejamos, se eu pegar uma bexiga, e enchê-la com o ar que sai dos meus pulmões, ela, depois de dois dias começará a murchar, agora, se eu enchê-la com ar comprimido, ela durará por mais tempo cheia. Então, não precisamos ficar enchendo toda hora a bola de campo, mas, apenas a calibramos, e isso, seguindo uma quantidade certa de medida de pressão. Vejam o que acontece quando a bexiga é cheia com ar comprimido, de repente, ela estoura, pois não agüentou a medida de pressão existente dentro do seu espaço objetivo.
Quantas pessoas vivem com muitos planos e projetos amontoando suas mentes, e poucos conseguem realizá-los. E quando o projeto sai do mundo das idéias, desmoronam como se fosse um plano fracassado. Criamos uma realização cheia de detalhes fossilizados, ou seja, muitos dos detalhes não eram pra estar ali, por isso digo, devemos respeitar a relação existente entre a subjetividade e a objetividade;
Construímos um casa num terreno arenoso, então para a casa não desmoronar, faço-a leve, com madeira leve, o solo com certeza, agüentara, pensamos, mas, depois de pronta, começo a colocar móveis de material durável, já que a casa é frágil e leve, faço muitos detalhes na casa, e a mobílio com moveis de concreto, aço e alvenaria, e o que acontece, a casa ficou extremamente pesada, então, veio a ruína uma realidade objetiva que não respeitou a relação entre a sua subjetividade.
Numa palestra de fala objetiva, se eu for me apresentar com muitas idéias e não conseguir dosar e qualificar os meus pensamentos, posso através da minha ansiedade estragar uma grande apresentação, por causa da fala subjetiva. Nem todo mundo tem a habilidade de interpretar a nossa subjetividade, então, aquilo que seria uma fala objetiva, se torna uma fala subjetiva, ninguém entendeu. Por isso, faço lembrar que o pinhão deve ser menor que a coroa.
Espero aqui estar sendo entendido, por intermédio da fala objetiva, pois meu objetivo é construir um caminho de respeitabilidade na relação da subjetividade e objetividade.
O que é mais importante? A subjetividade, ou a objetividade?
Acredito que “A” não é sem o “B”. Como um projeto e a realização, um pensamento e a fala, como a vontade e a ação. Quando pergunto, qual é o objetivo? Logo, penso para responder, então subjetivei, antes mesmo de responder, uns o fazem mais rápido, outros demoram, outros ainda, enrolam até acharem o que dizer! Mas, subjetivam!
O arquiteto, imagina, rascunha, rabisca, pensa mais um pouco e enfim. Conclui!
Imagine algo que possamos mencionar, qualificar, descrever, quantificar e desenhá-lo, imagine e pronto, está a sua frente, isto seria o ser objetivo, mas, como tecer comentários parecidos com o ser subjetivo...

Disse Wanda M. Junqueira Aguiar, no livro Psicologia Socio-histórica, “Convém frisar também que a realidade objetiva não depende de um homem em particular; ela preexiste e, nessa condição, passará a fazer parte a subjetividade de um homem em particular. Nesse momento, ao mesmo tempo em que é realidade objetiva, independente desse sujeito em particular, ela se nega enquanto tal, porque passa a ser realidade subjetiva. Na passagem Ela se transforma, como afirma Leontiev: “Representa o objetivo no subjetivo, uma forma particular de existir do mundo exterior no interior(1978: 98)". Nega-se, assim, a dicotomia objetividade-subjetividade, que passam a ser vistas numa relação de mediação, na qual um é através do outro, sem no entanto, se diluírem nem perderem sua identidade.”  
Fonte: Psicologia Socio-histórica: Uma perspectiva crítica em psicologia/ Editores, Cap.5 - Consciência e atividade. , pg.95.ano 2004.

Isomorfismo dialético:

O mundo criado, insere no Homem, aquilo que o Homem criado participa e altera em sí mesmo no mundo!

Ou seja, quando penso num balão de ar comprimido, penso numa relação de co-existência. Quem vive dentro do balão? Quem objetiva a existência do ar comprimido? – um não é sem o outro!

Quando Deus criou o Homem, ele foi inserido num jardim que fora criado antes dele existir... e a relação de objetividade existencial foi sendo registrada paulatinamente no campo de visão do homem edênico. O ambiente vinha sendo transformado por ele, e o transformava. Quando Adão colocava nomes nos animais, ele o alterava, domesticando-os para que viessem atender aos nomes propostos, ela relação inseria no ambiente objetivo uma transformação afetiva, emocional...

A relação deve ser resistente, entre o ser interior e o exterior. A interiorização de um determinado conceito, sendo novo ou não para o indivíduo, pode afetar sua manifestação subjetiva, pode entretanto, causar reações indesejáveis, mas com uma carga de reflexões já internalizadas na dialética do processo de construção da nova informação. O sujeito reage, muito ou pouco, mas, percebe que a mudança já causou algum desconforto. Quando lemos atentamente as informações, de um livro, e procuramos criar signos mentais para as descrições do autor, estamos subjetivando os pensamentos do autor na minha reação aos detalhes dos fatos descritos, mesmo não entendendo muitas coisas, internalizei fragmentos da narrativa descritiva. Ao vivenciar e visualizar algum signo objetivo, lembro-me do autor, lembro do livro e conseguintemente, lembro-me da história ou assunto.

Wanda M. Junqueira Aguiar, fala-nos do "processo de configuração, em que o indivíduo e sociedade não mantém uma relação isomórfica entre si." A observancia meticulosa, desenvolve um movimento de apropriação da nova informação na atividade subjetiva, criando uma nova configuração cognitiva interno/externa na relação, e como diz, Wanda M. Junqueira Aguiar, na relação "contém a possibilidade do novo, da criação."

A fragilidade na relação, pode prejudicar a forma como se poder obter uma gama de benefícios no registro de novos conceitos. Imaginem uma pessoa, com problemas de sociabilidade no seio da família, a relação dela, foi construída num ambiente que propiciava o silêncio, a ausência de contra-opiniões, e sujeitabilidade nas expressões autoritárias. Ao se relacionar, essa pessoas tem como base, uma relação frágil, onde aceita muitas idéias que não conhece, sem obstar, mas não consegue romper a barreira para a fala objetiva, e mesmo quando expressa-se, possue dificuldades, por temer represálias dos ouvintes. Doravante podemos também ter um indivíduo que externa suas reações destruindo a relação fragilizada, através de palavras ríspidas a todo instante. como um processo de revolta as crises contraditórias de sua vida subjetiva aprisionada pela sujeição excessiva, e as novas possibilidades de externalizações. Alguns de nós, damos atenção, de uma maneira, até preocupada, com aquelas pessoas que explodem, para serem respeitadas e ouvidas!

A relação frágil, encaminha o indivíduo a um vício comportamental/fala, onde tudo a sua volta, prejudica a dialética do desenvolvimento afetivo/cognitivo. O indivíduo disputa com apelos e grosserias a todo e qualquer comentário hilariante, como se fosse um ato de ríspidez a seus pocisionamentos no contexto social.

O termo relação: Na filosofia. Acidente predicamental pelo qual se indica que um objeto é ordenado para outro.

A quebra de uma relação por ter sido levada na  frágilidade, pode tornar infrutífero a dialética do subjetivo com o objetivo. Temos muitas pessoas que não se desenvolvem socio/afetivamente pois, já não existe mais relação entre ambos!
Quando me recordo do exemplo da relação do pinhão com a coroa (Motor da motocicleta) Associo um paralelo, sobre a relação de duas pessoas, que já não se relacionam, por não haver mais vinculos entre elas, a relação foi se desgastando até romperem as afinidades que as ligavam, pode sim, ainda haver resquícios de afinidades, pois um estava para o outro, e enquanto existia a relação, foram construídos registros socio/afetivos, e isto ficou impregnado em registros mnemônicos, e é por estas causas que o problema persiste na dificuldade do retorno da relação fragilizada. 

Primeiro: Na quebra da relação, a mágoas procuram destruir toda lembrança, todo resíduo resquicioso do envolvimento que fora agradável até então;

Segundo: A relação vinha sofrendo detrimento, ou por incompatibilidades, tais como socio/econômico, ou por desconfianças em falas subjetivas;

Terceiro: A duas partes, são diferentes nos tamanhos e finalidades, se na relação, não houver respeito a esses paradigmas individuais, o curso é a quebra!

As engrenagens deixam de fruir, se não estiverem ligadas, ou se forem do mesmo tamanho ou forma. Cada um deve atentar para o seu lugar no espaço objetivo, para o espaço subjetivo continue se desenvolvendo perfeitamente...

Assim como o Apóstolo Paulo, dá enfase, no membros do corpo, que são muitos e cada um tem a sua função, até frisa, se o pé não gostar de ser pé, porventura não será do corpo?"

Vejo, pessoas querendo ser grandes, para poder desempenhar grandes papéis, e pessoas grandes que deixam a desejar... Cada um tem o seu registro cognitivo para desempenhar o papel que já internalizou. Não é o tamanho da engrenagem que conta, mas a posição e o poder subjetivo de externalizar objetivamente.

Entretanto, se o ar comprimido, não estivesse dentro da bola de futebol, onde ele estaria?

Se apertarmos demais a corda do violão, para que serviria?

"Não são para os loucos a sabedoria, nem aos sábio a estultícia"

O que importa termos uma engrenagem social que se chama "Coroa" e fica na parte principal, (Que toca o mundo) e não estiver ligado a engrenagem menor pertencente ao princípio motriz! Se sou liderado, e não houver um princípio de respeitabilidade na relação com a peça principal de liderança, nunca desenvolverei um registro saldável subjetivo com o principal objetivo.


Jesus disse: "Basta ao servo ser igual ao mestre" - Aprendo muito aqui. em primeiro lugar, tenho que reconhecer, quem é o mestre, sua competência, e suas prerrogativas que o qualificaram para ser "o mestre". Em segundo lugar, pensar que há uma possibilidade, de conquistar um condição de me igualar ao "mestre"! - Nesta relação, o mestre também tem suas responsabilidades na dialética do subjetivo/objetivo, pois deve reconhecer os seus servos, que são seus servos. Paulo diz: "E os que forem aprovados, alcançarão, uma melhor posição" - Mas a relação dever ser saldável e duradoura, de construção de confiança, é por isso que não se dá posição de "A" para "B" sem que o mesmo tenha experimentado e construído uma posição de confiança!

O impostor, ou falso servo, não consegue estar travestido por muito tempo" - Seus pensamentos maquiavélicos o incomodam e o induzem ao erro"

Não adianta ocuparmos lugares que não nos pertence a força, ou por outro meio ilícito (os fins justificam os meios), pois se não houver uma preparação subjetiva, para atuar de maneira objetiva, o balão estourará, a corda do violão, quebrará, a bola murchará, e como resultado o indivíduo, se estigmatizará como um derrotado, mas o que na verdade ocorreu foi uma fragilidade na construção dialética, na transformação da objetividade/subjetividade/objetividade.



Quando Adão começou a observar o jardim, os animais, as árvores, tudo ao seu redor, percebeu uma existência de imagens e signos, escrito em cada comportamento, se ele chamasse algum animal, ou acenasse, o mesmo atendia a este sinal, este momento pode ser solene, pois provocou uma construção progressiva de comunicação na relação dele com as coisas animadas e inanimadas... a fala foi também sendo inserida como um signo, por mais que para nós fala, não é desenho, mas a associação de uma fala ao som e ao comportamento exigido para a ação, criou um sentido amplo... muito amplo!

O sentido e o significado nas relações exteriores com as interiores, ajuda-nos na chamada pista ou dica do que pode estar escrito ou registrado no verdadeiro mundo subjetivo dentro do ser humano.

 Lembro-me do assunto do livro Psicologia Sócio-histórica, editora Cortez, pg. 130 ed. 4; Que Indaga:

"Se nosso objeto é a subjetividade, como investigá-la, como apreendê-la?"

Se o nosso interesse está subjetivo e esse objeto está dentro do ser objetivo, precisamos expôr, colocá-lo para fora. E essa aparição transformar-se-a em um fenômeno psicológico! e será nesse comportamento, que teremos que usar algumas ferramentas verificacionáveis. Este fenômeno, está impregnado de palavras, falas codificadas, com muitos signos, simbolos e interpretações idiossincráticas... A ferramenta da meticulosidade pode auxiliar na interpretação, não dos signos, mas dos significados!

Vejamos o que declara o assunto: 

"Assim, a fala, construída na relação com a história e a cultura, e expressa pelo sujeito, corresponde à maneira como este é capaz de expressar/codificar. neste momento específico, as vivências que se processam em sua subjetividade; cabe ao pesquisador o esforço analítico de ultrapassar essa aparência ( essas fromas de significação) e ir em busca das determinações (históricas e sociais) que se configuram no plano do sujeito como motivações, necessidades, interesses (que são, portanto individuais e históricas), para chegar ao sentido atribuído/constituído pelo sujeito."
 
 O sigificado de uma palavra no dicionário, evoca muitas interpretações, que escolhemos conforme o nosso interesse intelectual. Essa quantidade de possibilidades de uso, registra em nosso mundo subjetivo uma gama de sentidos!

O sentido, pode ser uma miscelânea de significados, inseridos num caldeirão de ideias e possibilidades sujestivas na produção da palavra. Entretanto o mundo dos sentidos podem trazer uma força emotiva, afetiva e objetivada na fala como códigos, vejamos um trecho do livro, onde mensiona-se o renomado Lev Semenovitch Vigotski:
 
“O caminho do pensamento para a palavra com significado é mediado, portanto, pelo sentido, sentido este que, como afirma Vigotski, é mais amplo que o significado, o qual é apenas uma das zonas do sentido, a mais estável e fixa. Como diz Vigotski, “O significado dicionarizado de uma palavra nada mais é do que uma pedra no edifício do sentido, não passa de uma potencialidade que se realiza de formas diversas na fala” (1988, p. 181). O sentido, por outro lado, é a articulação de todos os eventos psicológicos que a palavra desperta em nossa consciência.”
 

continua...

fonte: Psicologia Socio-histórica- (uma perspectiva crítica em psicologia) Ana M. Bahia Bock, M. Graça M. Gonçalves, Odair Furtado (Orgs) - 2004. 4 edição. Editora Cortez.



  


 

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