O fôlego...

Desejo apenas um norte
Um tronco boiando sem sorte
Que me esbarre
Que me acerte
Que me corte!

Arfando aos bramidos das marés
Sussurrando apelos féretros
Aos que afundam até aos pés

Quiçá os pulmões fossem balões
Na percepção caótica na horizontal
tornando a distância infinita como tal

Obstante respiração no rescaldo
Onde nada sobrando, nem descalço

Num bipe agudo, longo, lancilante
Tomando um alento em tanto
Rejeitando o sonho num instante
Manipulando pensamento de espanto

Se ao pescoço sentes o laço e o frio
Padecendo o corpo neste mesmo rio

A densa ilusão era a vantagem
De toca-la sem tom e sem acorde
Qualquer um dava apenas miragem
Despertos não querem que acorde

Apenas desejava um tronco
Nas marés truculentas no alto mar
Sem folhas, nem réstias boiando
Somente minhas desilusões de amar

Quais deles sonham acordado?
Quais despertam como nobre soldado
Sinto-me meio tonto profanado
Na onírica de todo maculado!

Ah aquela canção rude e ríspida
Capacitando meus ouvidos d'alma
Que uma estaca burra bem cravada
Sua força minava com lenta calma

Na escalada ao pino da subida
Percebe-se doida e íngreme descida

Todos ficaram do que sobrou?

Apenas os que não restam te pegou!

Não adianta resistir ou fugir
Nesta queda livre o forte irá rugir

Eu desejo apenas saber onde estas águas me levará...
Se um dia de fato há de afogar...
A inquietude solícita deste paupérrimo olhar
Que somente atrás há de mirar... 

Bem atrás... E encontrar um tronco boiando para se segurar...

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